sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Italia é o País homenageado na XV Feira Pan-Amazônica do Livro

A Itália recebe homenagens cinematográficas na XV Feira Pan-Amazônica do Livro. Para a Mostra Pan-Amazônica de Cinema foram selecionadas algumas obras dos diretores mais importantes do cinema italiano: Luchino Visconti, Bernardo Bertolucci, Federico Fellini, Vitório de Sica, Michelangelo Antonioni e Pier Paolo Pasolini. Mas, para não deixar o protagonista do evento (o livro) de fora, a maioria dos filmes são adaptações de obras da literatura mundial. A mostra, que acontece no Teatro Maria Sylvia Nunes, tem apoio do Instituto Italiano de Cultura e faz parte da programação da Feira Pan-Amazônica do Livro, uma realização do Governo do Estado por intermédio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult).
No domingo, 4, o público conhecerá mais de perto o cinema de Luchino Visconti. O primeiro filme a ser exibido em DVD, na matinal de 10h, é “O Leopardo”, baseado no livro homônimo de Tomasi de Lampedusa. Na adaptação cinematográfica, Visconti trata com precisão os detalhes deixados por Lampedusa e aposta em um elenco de peso para retratar a aristocracia decadente: Burt Lancaster, Alain Delon e Claudia Cardinale.
Às 15h30, será realizada a conferência “Cinema e Literatura na obra de Luchino Visconti”, com apresentação de Mauro Porru e mediação do especialista em Letras, Elias Neves. O segundo filme a ser exibido é “O Inocente”, às 17h, com base no livro de Gabriele D’Annunzio. Visconti não chegou a ver o filme pronto; enquanto montava a obra, pegou uma gripe e acabou morrendo.
O último filme de Visconti a ser exibido é “Morte Em Veneza”. A obra é uma adaptação do livro de Thomas Mann. “Morte em Veneza” é um filme que a todo o momento permite uma série de interpretações sobre os acontecimentos. A exibição, em película, às 20h30, tem Dirk Bogarde e Silvana Mangano no elenco.
A relação do professor Elias Neves com os filmes de Luchino Visconti começou quando assistiu “O Inocente”. A adaptação do livro de Gabriele D’Annunzio conquistou o especialista, que se viu atraído pela maneira como o diretor retratou a decadência da sociedade aristocrática italiana, suas traições e seus jogos de poder.
Boa parte dos filmes de Visconti são adaptações literárias, o que também chamou atenção do professor. “É comum escutarmos na saída do cinema alguém dizer que ‘o livro é sempre melhor que o filme’, quando se acaba de assistir a uma adaptação literária. Mas a adaptação de livros nos filmes de Visconti tem um componente que é fundamental: ele não busca ser fiel ao livro e nem tampouco ser literal. Acredito que todo o conhecimento do diretor sobre ópera, teatro e dramaturgia deu o acabamento e a cor perfeitos que só encontramos mesmo em seus filmes”, afirma Elias Neves.
Na segunda-feira, 5, o diretor selecionado é Bernardo Bertolucci, cuja carreira como cineasta, aliás, começou na literatura. Bertolucci ganhou fama como poeta antes de se dedicar ao cinema. O primeiro filme a ser exibido é “O Céu que nos Protege”, às 16h, com exibição em DVD. Baseado no livro autobiográfico de Paul Bowles, no filme Bertolucci narra a história do casal de escritores americanos Port (John Malkovich) e Kit (Debra Winger), que buscam no deserto do Saara um sentido para suas vidas.
“O Conformista”, com base no romance de Alberto Moravia, será exibido em DVD às 18h20. Com Jean-Louis Trintignat e Dominique Sanda, trata-se de um filme de alto teor político ao abordar o status quo em que a maioria das pessoas vive quando submetidas a regimes totalitários. O último filme de Bertolucci a ser exibido é “Assédio”, com exibição em película, às 20h30. Na mostra, é o único filme do diretor que não tem referências literárias explícitas, sendo roteirizado originalmente.
No dia seguinte, terça-feira, 6, o público confere os filmes de um dos diretores mais importantes do cinema mundial: Federico Fellini. Às 16h, será exibido em DVD o fime “8 ½”. Considerada por alguns críticos a melhor obra de Fellini, “8 ½” reúne vários dos maiores nomes do cinema italiano dos anos 60. Além de ter Fellini na direção, a produção ainda conta com Marcello Mastroianni, Claudia Cardinalle, Sandra Millo e trilha sonora assinada por Nino Rota.
Às 18h é a vez de “Satyricon”, livre adaptação do livro homônimo de Petrônio. Fellini abusa da estética surrealista e do tom psicodélico para reproduzir a cidade de Roma, descrita por Petrônio, em rituais diversos. Da Roma antiga para a contemporânea, “A Doce Vida”, com exibição em película (às 20h30), provoca o olhar para a modernidade sob o signo da decadência e coisificação humana.
Na quarta-feira, 7, começa a exibição dos filmes do ator e diretor Vittorio De Sica. O primeiro filme a ser exibido é “Viagem Proibida”, às 16h. A obra é baseada em um conto do dramaturgo Luigi Pirandello e a trama se passa na Sicília, no início do século XX, narrando um triângulo amoroso em que dois irmãos se apaixonam pela mesma mulher. Às 18h, o público assiste “O Jardim dos Finzi-Contini”, baseado no livro de Giorgio Bassani. Dominique Sanda e Helmut Berger são os protagonistas do filme de De Sica, que trata sobre o anti-semitismo. Fechando o Ciclo De Sica, “Ladrões de Bicicleta” é um dos primeiros filmes do movimento neo-realista, com exibição em DVD, às 20h30.
Na quinta-feira, 8, a Mostra Pan-Amazônica de Cinema apresenta os filmes de Michelangelo Antonioni. A primeira obra a ser exibida em DVD, às 16h, é “O Mistério de Oberwald”, onde Antonioni substitui o silêncio, que foi a característica de seus filmes, por muitos diálogos. Na seqüência, às 18h, a exibição de “Blow Up – Depois Daquele Beijo”, com roteiro inspiradíssimo no conto Las Babas del Diablo, de Julio Cortazar. O último filme de Antonioni a ser exibido, às 20h30, é “O Passageiro – Profissão Repórter”, que tem roteiro original e conta a estória de um fotógrafo (Jack Nicholson) que resolve assumir a identidade de outro homem.
O último dia da Mostra Pan-Amazônica de Cinema (domingo, 11) será dedicado ao polêmico diretor Pier Paolo Pasolini. Às 10 horas, o público assiste “Medéia”, filme baseado na obra de Eurípedes, onde o diretor adapta o significado do trágico grego para a linguagem cinematográfica. Às 18h, um dos filmes mais perturbadores de Pasolini: “Saló ou 120 Dias de Sodoma”, livre adaptação da obra do Marquês de Sade a partir de algumas histórias do escritor para a Itália fascista dos anos 40, num retrato cruel e devastador do regime que governou o país entre os anos de 1920 e meados de 1940.
O último filme da Mostra Pan-Amazônica de Cinema será “Os Contos de Canterbury”, em película, baseado nos contos eróticos de Geoffrey Chaucer. Pasolini trata o sexo de maneira bem humorada, inserido em uma atmosfera mágica e rústica. A cenografia de Dante Farretti e a trilha sonora de Ennio Morricone são os destaques do filme.
Serviço: Mostra Pan-Amazônica de Cinema – Circuito Italiano
Teatro Maria Sylvia Nunes – OI Cine Estação
De 4 a 8 e no dia 11 de setembro. Ingressos na bilheteria do teatro. Entrada franca
www.feiradolivro.pa.gov.br

Fonte: Carolina Klautau - Ascom/Secult

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