Relator do Código Florestal na Câmara foi escolhido pela presidente Dilma Rousseff para ocupar vaga deixada por Orlando Silva; ministro do Esporte caiu após revelação, feita por VEJA, de seu envolvimento em esquema de corrupção
Relator do projeto do Código Florestal, deputado Aldo Rebelo, é novo ministro do Esporte |
O deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) foi confirmado como
substituto do ministro do Esporte, Orlando Silva, afastado do cargo após
envolvimento em esquema de corrupção revelado por VEJA.
O anúncio oficial foi feito após reunião da presidente Dilma Rousseff
com o próprio Aldo e o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, no Palácio da
Alvorada. A nomeação será publicada na edição desta sexta do Diário Oficial da União (DOU). A posse será na segunda-feira.
Em rápida entrevista coletiva, Aldo Rebelo disse que agradeceu à
presidente a confiança depositada nele e que tentará cumprir os desafios
da pasta, diante da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.
"Disse que aceitava o desafio e que procuraria me desincumbir da tarefa
da melhor maneira possível”, afirmou. Rebelo não quis
comentar as acusações de corrupção que envolvem servidores da pasta,
como o ex-ministro Orlando Silva, e disse que tomaria conhecimento da
estrutura do ministério, para depois conceder uma nova coletiva à tarde.
O presidente do PCdoB disse que está satisfeito com a decisão da
presidente Dilma, apesar de ter defendido com veemência o antecessor no
cargo. “Acho que Aldo Rebelo vai dar uma grande contribuição ao
ministério”.
Como informou a coluna Radar on-line,
a presidente Dilma Rousseff queria que o PCdoB encaminhasse uma lista
tríplice para que ela batesse o martelo. O pedido não foi atendido.
Negociação - Também participou do encontro o ministro
da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Nos últimos dias,
coube a Carvalho as negociações com o PC do B para definir a demissão
de Orlando Silva, que deixou o cargo onze dias depois que VEJA revelou
sua participação em um esquema de pagamento de propina na pasta. A
exoneração do ministro foi publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial da União.
Por enquanto, o ministério está a cargo do secretário-executivo da
pasta, Waldemar Manoel Silva de Souza, que também é do PCdoB.
Perfil - O comunista nasceu em Alagoas, tem 55 anos e é
jornalista. Além de ser do mesmo partido para o qual a verba da pasta
era desviada, Rebelo teve um início de vida política parecido com o do
ministro que deixou a vaga. Ambos foram líderes estudantis e presidiram a
União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União da Juventude Socialista
(UJS), mais um sinal de que a troca não garante que as coisas vão
mudar.
Aldo Rebelo foi vereador de São Paulo e está em seu quinto mandato como
deputado federal. Apesar da discrição ao evitar discursos e
entrevistas, é considerado um dos parlamentares mais influentes do
Congresso, graças a seu poder de articulação. A habilidade em atuar nos
bastidores rendeu-lhe rápida ascensão durante o mandato do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva: passou de líder do PCdoB a líder do governo,
foi eleito presidente da Câmara e depois tornou-se ministro da
Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.
Como parlamentar, ganhou maior destaque ao ser escolhido relator do projeto que altera o Código Florestal brasileiro. Já no mandato de Dilma, seu relatório provocou debates ideológicos entre ruralistas e ambientalistas e chegou a irritar o próprio governo, que defendia pontos não inseridos na proposta, aprovada na Câmara em maio.
No entanto, por causa do trabalho na reformulação do Código, recebeu,
nesta semana, homenagem durante o Congresso Nacional de Avicultura, com
direito a elogios inflamados do vice-presidente da República, Michel
Temer (PMDB-SP), e do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS).
Em setembro, passou perto de ser escolhido ministro do Tribunal de
Contas da União (TCU), mas perdeu a vaga para a deputada federal Ana
Arraes (PSB-PE), que assume o cargo nesta quarta.
Rebelo era favorito do governo, mas perdeu apoio quando Lula decidiu
fazer campanha em favor da candidata do PSB. Apesar de não tomar posição
pública, o Planalto defendia a escolha do comunista, para afastá-lo da
Câmara e facilitar a votação do Código Florestal na casa quando o texto
retornasse do Senado.
Solução - Orlando Silva deixou nesta quarta-feira o
cargo de ministro do Esporte do governo Dilma Rousseff. Ele é o sexto
ministro de Dilma Rousseff a deixar a equipe desde o início do mandato
da presidente, em janeiro – e o quinto a cair por envolvimento em um
esquema de corrupção. O anúncio oficial foi feito à noite pelo próprio
Orlando Silva após reunião dele com a presidente Dilma e com o
presidente do PCdoB, Renato Rabelo, no Palácio do Planalto. "Fato nenhum
houve que possa comprometer a minha honra e minha conduta ética",
afirmou o agora ex-ministro.
O comunista voltou a dizer que não há provas contra ele e tachou as
denúncias feitas pelo policial militar João Dias como um "ataque baixo" e
uma "agressão vil", mas admitiu o acirramento da crise política por
causa das denúncias. "Decidimos que a melhor solução seria sair do
governo para defender a minha honra", disse. "Saio com o sentimento do
dever cumprido".
"Nós defendemos desde o primeiro momento nosso ministro porque ele é
honesto, sincero e um jovem com grande capacidade", disse Renato Rabelo,
durante a entrevista coletiva.
A decisão de tirar Orlando Silva do governo já estava tomada desde a
manhã desta quarta. Conforme noticiou a coluna Radar on-line, Orlando
Silva era considerado desde cedo pelos colegas de partido e pelo governo
um "cabra marcado para morrer". Às 18 horas o ministro da
Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, confirmou que a
demissão era inevitável.
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