Itupiranga e Marabá lideram a lista das cidades mais inseguras do
Brasil. É o que aponta o ranking do Mapa da Violência 2011, do governo
federal, conforme dados de 2008. Em Itupiranga, localizada a 55 km de
Marabá, são 160,6 homicídios por 100 mil habitantes. As informações são
do site G1.
As duas cidades paraenses, em destaque no Brasil pela violência,
estão localizadas na região em que pode ser definida a criação do estado
de Carajás, caso o Pará seja dividido. A maior parte das mortes na
região é motivada por rixas, vinganças ou desentendimentos banais. As
polícias Civil e Militar alegam que a grande distância dos vilarejos e o
efetivo reduzido dificultam o combate à criminalidade no local.
“Temos povoados, como Cruzeiro do Sul, que ficam a 200 quilômetros
da área", disse o capitão Kojak Antônio da Silva Santos à reportagem do
G1. Ele ficou responsável pelo policiamento da cidade em julho deste
ano. São 33 homens da PM para toda a cidade, sendo que dois grupos de 4
ficam lotados especificamente em duas comunidades. Na delegacia, um
delegado, dois investigadores e um escrivão se revezam no atendimento.
Em Marabá, a situação é semelhante. Segundo o Mapa da Violência,
ocorrem aproximadamente 125 homicídios para cada 100 mil habitantes no
município. Pelos cálculos do tenente-coronel José Sebastião Valente
Monteiro Junior, que comanda o batalhão responsável por nove cidades da
área, há em média um policial para cada 1.500 habitantes na região.
Segundo ele, há 586 PMs à disposição, mas sua unidade deveria ter 1.022.
Em alguns bairros, como o Cidade Nova, o número chega a um PM por 1.875
moradores, afirmou à reportagem do G1. O recomendado pela ONU é um
policial para cada 250 habitantes.
INSEGURANÇA
A população vive com medo. “Dias depois de meu filho morrer mataram
outro homem, de família rica, e acham que temos ligação com isso. O medo
para nós é tanto que nem fui atrás ver quem tinha matado meu filho",
disse um pescador ao G1. Ele fez um empréstimo no banco para deixar a
cidade. "Além da violência, não tem emprego, não tem saúde", disse ao G1
o pescador José Francisco da Silva, de 41 anos.
O delegado Vinicius Cardoso das Neves explica que a maioria dos
assassinatos não está mais ligada a brigas latifundiárias, como nas
décadas de 80 e 90. Hoje, o tráfico de drogas é o principal causador de
assassinatos na cidade, principalmente no bairro Caveirinha, próximo ao
cemitério local. Dívidas ou motivos fúteis, como traição, também geram
crimes violentos.
SUPERLOTAÇÃO CARCERÁRIA
Com o alto índice de denúncias e prisões na região, a carceragem não
suporta mais a demanda. Um quarto de cerca de 2 metros de largura por 2
de comprimento abriga 8 presos. Alguns já estão presos há quase cinco
meses, aguardando transferência ou outras providências pelos crimes de
estupro, tentativa de homicídio, tráfico e roubo. À reportagem do G1,
todos alegaram inocência. Um dos suspeitos, denunciado pela esposa, é
acusado de estuprar a enteada de 12 anos.
“Muitas pessoas migram para cá para buscar emprego, dinheiro, e não
têm vínculo com a terra. Quando se envolvem em algo, eles somem. O povo
os conhece apenas por apelidos, é o Zé Branco, o João do Pulo. Fica
difícil a identificação e, quando o juiz expede o mandado de prisão, não
conseguimos localizar. Já foram embora”, explicou o delegado ao G1.
(DOL)
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