Ontem a Divisão de Homicídios conseguiu cumprir mandado de prisão expedido contra Pedro Paulo dos Santos Filho, de 30 anos, mais conhecido como “Tamatá”. Ele teria sido o mandante do homicídio cometido contra o adolescente Gabriel Macedo da Silva, de 15 anos, no dia 10 de janeiro desse ano na rua José Soares Montenegro, bairro Paracuri em Icoaraci. O crime teria motivação passional, já que o menino estava saindo com a ex-mulher de Tamatá. Uma semana antes, inclusive, o indiciado deu uma surra no adolescente após flagrá-lo com a ex-companheira.
“Tamatá” morava bem em frente à casa do garoto assassinado, a quem viu crescer. Ele inclusive teria ido pedir desculpas à família do menino após aplicar a tal surra que só não se tornara homicídio porque a mulher pivô da agressão se meteu na frente do ex-companheiro, com quem teve uma filha, e deu tempo para Gabriel correr. Dias após a execução que ocorreu sete dias depois da agressão, inclusive, o suspeito também teria ido prestar solidariedade à casa dos parentes que saíram todos dali após o ocorrido, por medo de represálias.
“Se eu tivesse mesmo devendo alguma coisa, eu teria fugido por saber que sou suspeito”, alegou Tamatá, que, em claro tom de ameaça, ainda falou: “Mas deixa, eu vou sair da cadeia um dia”. Ele também não admitiu que estava separado da mulher quando aplicou a surra em Gabriel.
Atualmente ela vive com outro garoto de 15 anos, de quem espera um filho. O indiciado teria tentado fazer o mesmo com ele, mas este o ameaçou com um revólver e o fez desistir da agressão. “Eu não sou como o Gabriel”, teria dito o atual marido da moça que tem cerca de 23 anos. Pedro Paulo responderá por homicídio qualificado, com agravante de crime hediondo. Os dois suspeitos que teriam efetuado a execução ainda são procurados.
ADOLESCENTES EM FOCO
“Mesmo os policiais mais experientes de nosso grupo se comoveram com esse caso. Trabalhamos duro para solucionar casos que envolvem adolescentes, tanto quando são eles que cometem o ato infracional, trabalhando na repressão, como quando eles são as vítimas, para dar uma resposta à sociedade. São meninos que estão matando e morrendo”, analisou a delegada Cláudia Renata Guedes, que preside o inquérito do caso Gabriel, onde também atuaram os investigadores Frank Valberto, Hilário Damasceno e o EPC Darilson Morais.
Não são poucos os casos de violência que tem atingido pessoas cada vez mais novas em todo o Pará, e pior, está cada vez mais comum tais manifestações nas próprias escolas, a exemplo de um adolescente de 16 anos que atirou contra um professor numa escola privada de Altamira anteontem. Por sorte, na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Pinto Marques, localizada na avenida José Malcher, ninguém ficou ferido quando um adolescente da mesma idade sacou um revólver e efetuou alguns disparos no fim da noite da última terça (11).
Em ambos os casos os adolescentes foram apreendidos, mas no caso da escola estadual a média padrão em casos semelhantes foi tomada, ou seja, pais, conselho escolar, a direção, psicólogo e assistente social da Unidade SEDUC na Escola (USE) e Conselho Tutelar reúnem para discutir quais medidas disciplinares no âmbito escolar precisa ser tomada em relação ao estudante.
Segundo Heloísa Aguiar, assessora de segurança escolar da Secretaria de Estado de Educação, cada escola é livre para pensar projetos pedagógicos para prevenir a violência, porque cada unidade escolar vive uma realidade distinta. Toda primeira quarta-feira do mês todas as USEs do estado trocam experiências a respeito do programa “PAZ PRA TI”, da mesma forma que todas as terças e quintas há reuniões nas USES para discutir a aplicação disto.
“Trabalhamos com quatro sugestões de procedimento”, explicou a professora. A primeira é desmistificar a ideia de que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) existe para garantir a impunidade de adolescentes, a segunda é desconstruir o consumismo que atinge principalmente os adolescentes, o ponto três é a trabalhar a valorização do “Ser” sobre o “Ter” e o quarto ponto é valorizar cada vez mais a frequência escolar, que serve como critério para bolsas assistenciais do governo e impedem que infratores utilizem de má fé possíveis presenças que não mereceram como álibi para atos infracionais.
(Diário do Pará)
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