O duro golpe veio alguns dias depois, quando a empresa Colossus anunciou a demissão de mais de 400 funcionários, deixando os garimpeiros, as autoridades, os funcionários e toda a sociedade em dúvida sobre o que realmente está acontecendo em Serra Pelada. A informação é de que a empresa passa por sérios problemas financeiros e que até mesmo estaria buscando ajuda junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Acusações
Mesmo assim, Vitor Albarado também fez uma acusação séria contra a mineradora canadense. Segundo ele, já tem muito ouro estocado, do qual a Colossus nunca prestou contas e isso impede que os garimpeiros saibam qual o potencial da mina e quanto caberá a cada parte envolvida no contrato. “Lá está sendo estocado ouro, mas a empresa não deixa entrar lá. O que a gente quer saber mesmo é resultado de pesquisa, o que deu até hoje, porque ninguém sabe; é uma caixa preta isso aí, saber o real valor da nossa mina, pra gente poder saber quanto vai ficar para os associados da Coomigasp e para a empresa. Mas como é que a gente vai chegar nessa matemática se ninguém sabe quanto é que tem lá?”, questiona.
Vitor Albarado alerta que a empresa realmente está sem condições de tocar a exploração mecanizada do ouro e está fazendo manobras para não entregar o controle do garimpo de volta à Coomigasp: “Se ela (Mineradora Colossus) não pode concluir esse projeto, porque não chama a Coomigasp e devolve como está no contrato, ao invés de fazer uma sublocação por meio de parceria com a Mitsubishi e White Martins, como está querendo fazer”.
Por fim, ele afirma que vai à Justiça para fazer com que o acordo inicial entre a Colossus e os garimpeiros volte aos percentuais originais, de 51% para a empresa e 49% para os garimpeiros, e que foram mudados para 25% para os garimpeiros e 75% para a Colossus: “Nós vamos até as últimas consequências para reaver o que tinha no contrato inicial, no contrato real”
Colossus nega fim de projeto e busca recursos
Depois da notícia de que a mineradora canadense Colossus teria encerrado as atividades no garimpo de Serra Pelada, em Curionópolis, o alvoroço foi grande. Diante disso, a empresa foi procurada e negou o fim das atividades de extração mecanizada de ouro no garimpo, mas confirmou redução nos investimentos, enquanto busca aporte financeiro para tocar o projeto, que requer muitos recursos.
Por e-mail, a executiva Rosana Entler, do Corporativo da empresa no Canadá, confirmou a demissão de funcionários, mas não declinou a quantidade (seriam mais de 400) e alegou que os funcionários que serão desligados de suas atividades ainda estão sendo contactados diretamente pelo setor de Recursos Humanos. “Neste momento, a empresa manterá apenas o efetivo necessário para garantir a preservação da infraestrutura já construída”, resumiu Entler, confirmando a primeira informação (divulgada no site zedudu.com.br) de que apenas o pessoal da segurança será mantido por enquanto.
Entler justifica que a decisão de diminuir o número de funcionários que atuam no projeto foi tomada diante dos desafios técnicos encontrados e que resultaram em necessidade de um aporte financeiro adicional ao previsto no orçamento inicial de implantação. “Enquanto a matriz, Colossus Minerals Inc., continua em negociação com seus principais stakeholders no Canadá, na tentativa de viabilizar opções de financiamento, foi necessário que, de imediato, custos fossem cortados para que a empresa pudesse trabalhar em novas estratégias que permitam a retomada das atividades do projeto”, argumenta.
Perguntada se é verídica a informação de que a Colossus tentou empréstimo no BNDES para dar continuidade ao seu projeto e não conseguiu, Rosana Entler afirma que a informação não é verdadeira. “A Colossus em momento algum entrou em negociação com o BNDES para empréstimos ou qualquer outro tipo de aporte de capital”, assegura.
Procurada também, via e-mail, para falar sobre as graves acusações feitas por Albarado, Rosana Entler, do corporativo da Colossus, no Canadá, enviou a seguinte resposta: “Sugiro que questões relacionadas às acusações individuais de garimpeiros sejam tratadas diretamente com os responsáveis legais pela cooperativa, sócia da Colossus no projeto SPCDM os quais já visitaram o projeto juntamente com as autoridades diversas vezes.”
(Diário do Pará)
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