domingo, 12 de janeiro de 2014

Demissões deixam os garimpeiros tensos


Demissões deixam os garimpeiros tensos (Foto: Antônio Cícero/Arquivo Diário)
(Foto: Antônio Cícero/Arquivo Diário)















Os mais de 38 mil garimpeiros associados da Coomigasp – Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada já haviam recebido um duro golpe no final do ano passado, quando foram comunicadosque receberiam apenas R$ 140 mensais durante os onze anos no período de duração do Projeto Serra Pelada, derivados do acordo realizado entre a cooperativa e a empresa Colossus Minerals Inc. Pelo acordo, 75% do ouro extraído seria para a empresa e 25% para os garimpeiros, uma porcentagem encarada por muitos como injusta, mas definida, de fato.
O duro golpe veio alguns dias depois, quando a empresa Colossus anunciou a demissão de mais de 400 funcionários, deixando os garimpeiros, as autoridades, os funcionários e toda a sociedade em dúvida sobre o que realmente está acontecendo em Serra Pelada. A informação é de que a empresa passa por sérios problemas financeiros e que até mesmo estaria buscando ajuda junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A situação em Serra Pelada é de extrema preocupação e muitos garimpeiros estão ameaçando invadir as dependências da Mineradora Colossus, que praticamente fechou as portas no garimpo. Quem afirma é Vitor Albarado, presidente da Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada.

Albarado está de mãos atadas, pois a cooperativa sofreu intervenção no início do segundo semestre do ano passado quando o Ministério Público do Pará solicitou, e a Justiça de Curionópolis decretou a intervenção na Coomigasp. O objetivo era para que o interventor Marcos Alexandre Mendes sanasse as contas da Coomigasp, e após seis meses promovesse uma eleiçãotranquila e transparente para a escolha de uma nova diretoria. Sem dinheiro, o interventor vem tendo dificuldade até mesmo para resolver as coisas básicas do dia a dia e pagar funcionários e fornecedores.
Acusações
Mesmo assim, Vitor Albarado também fez uma acusação séria contra a mineradora canadense. Segundo ele, já tem muito ouro estocado, do qual a Colossus nunca prestou contas e isso impede que os garimpeiros saibam qual o potencial da mina e quanto caberá a cada parte envolvida no contrato. “Lá está sendo estocado ouro, mas a empresa não deixa entrar lá. O que a gente quer saber mesmo é resultado de pesquisa, o que deu até hoje, porque ninguém sabe; é uma caixa preta isso aí, saber o real valor da nossa mina, pra gente poder saber quanto vai ficar para os associados da Coomigasp e para a empresa. Mas como é que a gente vai chegar nessa matemática se ninguém sabe quanto é que tem lá?”, questiona.
Vitor Albarado alerta que a empresa realmente está sem condições de tocar a exploração mecanizada do ouro e está fazendo manobras para não entregar o controle do garimpo de volta à Coomigasp: “Se ela (Mineradora Colossus) não pode concluir esse projeto, porque não chama a Coomigasp e devolve como está no contrato, ao invés de fazer uma sublocação por meio de parceria com a Mitsubishi e White Martins, como está querendo fazer”.
Por fim, ele afirma que vai à Justiça para fazer com que o acordo inicial entre a Colossus e os garimpeiros volte aos percentuais originais, de 51% para a empresa e 49% para os garimpeiros, e que foram mudados para 25% para os garimpeiros e 75% para a Colossus: “Nós vamos até as últimas consequências para reaver o que tinha no contrato inicial, no contrato real”
A partir de amanhã, nos dias 13, 14 e 15, haverá reuniões e fiscalizações na sede da Colossus, em Serra Pelada, com a presença de deputados.
Colossus nega fim de projeto e busca recursos 
Depois da notícia de que a mineradora canadense Colossus teria encerrado as atividades no garimpo de Serra Pelada, em Curionópolis, o alvoroço foi grande. Diante disso, a empresa foi procurada e negou o fim das atividades de extração mecanizada de ouro no garimpo, mas confirmou redução nos investimentos, enquanto busca aporte financeiro para tocar o projeto, que requer muitos recursos.
Por e-mail, a executiva Rosana Entler, do Corporativo da empresa no Canadá, confirmou a demissão de funcionários, mas não declinou a quantidade (seriam mais de 400) e alegou que os funcionários que serão desligados de suas atividades ainda estão sendo contactados diretamente pelo setor de Recursos Humanos. “Neste momento, a empresa manterá apenas o efetivo necessário para garantir a preservação da infraestrutura já construída”, resumiu Entler, confirmando a primeira informação (divulgada no site zedudu.com.br) de que apenas o pessoal da segurança será mantido por enquanto.
Entler justifica que a decisão de diminuir o número de funcionários que atuam no projeto foi tomada diante dos desafios técnicos encontrados e que resultaram em necessidade de um aporte financeiro adicional ao previsto no orçamento inicial de implantação. “Enquanto a matriz, Colossus Minerals Inc., continua em negociação com seus principais stakeholders no Canadá, na tentativa de viabilizar opções de financiamento, foi necessário que, de imediato, custos fossem cortados para que a empresa pudesse trabalhar em novas estratégias que permitam a retomada das atividades do projeto”, argumenta.
Perguntada se é verídica a informação de que a Colossus tentou empréstimo no BNDES para dar continuidade ao seu projeto e não conseguiu, Rosana Entler afirma que a informação não é verdadeira. “A Colossus em momento algum entrou em negociação com o BNDES para empréstimos ou qualquer outro tipo de aporte de capital”, assegura.
Procurada também, via e-mail, para falar sobre as graves acusações feitas por Albarado, Rosana Entler, do corporativo da Colossus, no Canadá, enviou a seguinte resposta: “Sugiro que questões relacionadas às acusações individuais de garimpeiros sejam tratadas diretamente com os responsáveis legais pela cooperativa, sócia da Colossus no projeto SPCDM os quais já visitaram o projeto juntamente com as autoridades diversas vezes.”
(Diário do Pará)

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