segunda-feira, 4 de abril de 2011

Oposição cobra rapidez no julgamento do mensalão do PT; novos citados negam envolvimento no caso

 
Líderes dos partidos da oposição cobram do STF (Supremo Tribunal Federal) rapidez na retomada do julgamento dos 38 réus do mensalão, o maior escândalo do governo Lula, referente à suposta compra de apoio político no Congresso; formação de “caixa 2” na campanha eleitoral e envolvimento de empresas privadas que ganhariam contratos com o governo depois de “ajudar” com recursos  para dar aos congressistas que receberiam o mensalão.
“Não foi ficção nem piada de salão como queria Delúbio Soares [ex-tesoureiro do PT]. É preciso acabar com essa hipocrisia que subestima a inteligência dos brasileiros. É visível que o mensalão existiu e que o dinheiro foi público. Cabe, agora, é exigir celeridade nos procedimentos, que afinal, desde a primeira denúncia já são seis anos de investigação”, afirmou o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR).
Para o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), o relatório da Polícia Federal divulgado com exclusividade pela Revista Época neste fim de semana acaba com a tese do governo de que o mensalão é “invenção da oposição”.
“O relatório mostra que o mensalão existiu e quebra a tese do governo de que não existia e era invenção da oposição. A PF não pertence aos nossos quadros [dos partidos da oposição]”, argumentou Torres ao UOL Notícias.  
Já o presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), destacou que as novas informações policiais confirmam o envolvimento do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no caso.
“Acreditamos que o Procutrador Geral deverá abrir um novo processo com os novos envolvidos no caso. Se não fizerem o encaminhamento, vamos, então, entrar com a representação. E quem não pode ficar de fora da investigação é o senhor Luiz Inácio Lula da Silva, cujo chefe de segurança recebeu dinheiro na campanha”, disse Freire ao UOL Notícias. “Mas, não vamos nos precipitar, vamos esperar. O importante é dizer a sociedade que o PPS está alerta sobre casos como esse”, completou.

Possíveis novos envolvidos

De acordo com a reportagem da revista Época divulgada neste final de semana, o relatório da PF apontou ainda novos nomes de políticos supostamente envolvidos na denúncia. Entre eles, estão o ministro do Desenvolvimento e ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), as deputadas federais Jaqueline Roriz (PMN-DF) e Benedita da Silva (PT-RJ), os deputado federais Lincoln Portela (PR-MG) e Vicentinho (PT-SP).
Pela denúncia da PF que consta na revista, o tesoureiro da campanha de Pimentel recebeu R$ 247 mil da Visanet -- fundo de publicidade do Banco do Brasil, que seria o principal canal de desvio de recurso público do esquema.
Em nota, Pimentel diz “desconhecer” o que foi mencionado no relatório da Polícia Federal e esclarece que “a prestação de contas da sua campanha em 2004, à Prefeitura de Belo Horizonte, foi aprovada sem ressalvas pelo Tribunal Regional Eleitoral”.
De acordo com sua assessoria de imprensa, Jucá chamou de “absurdas” as denúncias e disse estar indignado com a reportagem, uma vez que nem ele nem o irmão conheciam Marcos Valério.
A denúncia da PF é de que, em 2003, uma empresa do irmão de Jucá recebeu R$ 650 mil da Visanet por ações culturais em um shopping no Recife (PE), mas não há comprovação deste negócio, segundo a revista.
Também por meio de assessoria, a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) negou ter ligação com o caso, pelo fato de, na época da denúncia nem não namorava com o atual marido. O marido dela, o empresário Manoel Neto, recebeu R$12 mil por veiculação de um outdoor na Assembleia Distrital. O dinheiro, conforme denúncia, foi depositado por uma conta pessoal de um “laranja”. Com relação ao deputado federal Vicentinho (PT-SP), a acusação é de que o produtor Nélio José Batista Costa recebeu R$ 17 mil, de uma empresa do publicitário Marcos Valério por serviço prestados durante a campanha dele à prefeitura de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
“Considero um grave erro da Polícia Federal ter ouvido este Sr. Nélio e em nenhum momento, durante sete anos, ter procurado a mim ou à minha assessoria para nos ouvir, pondo em risco a nossa história de vida de forma irresponsável”, disse o parlamentar em nota.
O deputado petista confirma que pediu ajuda ao então tesoureiro do partido, Delúbio Soares para a campanha e utilizou a mesma empresa que o prefeito de Osasco, Emídio de Souza.
“Eu aceitei e agradeci com muita alegria a presença da agência e por essa importante colaboração do Partido dos Trabalhadores. Depois soube que a empresa pertencia ao Sr. Marcos Valério. Jamais imaginei que tudo isso poderia acontecer. Pois, se soubesse, nunca teria aceitado [os trabalhos de propaganda indicados pelo PT]”, afirmou Vicentinho.
A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) e o deputado federal Lincoln Portela (PR-MG) ainda não se pronunciaram sobre o caso.

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