terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Novo mínimo não anima trabalhadores

Apesar de bem-vindo, o aumento do salário mínimo, publicado na última sexta-feira (23) no Diário Oficial da União, não foi considerado uma grande mudança para a maioria da população.
O economista Carlos Valentim explica que o aumento de 14,13% - que eleva a remuneração básica para R$ 622 - é ainda um percentual insuficiente porque está sempre muito próximo à inflação. “O Governo Federal estabeleceu uma política de ganhos reais reajustando a quantia de acordo com a inflação e o Produto Interno Bruto (PIB), o que considero importante, mas ela não dá conta sozinha de melhorar a distribuição de renda, porque traz um valor muito abaixo do que o mínimo necessário para garantir acesso à educação, saúde e cultura de qualidade”, explica. “Nos primeiros meses se vê alguma diferença no orçamento familiar, mas depois os próprios gastos aumentam, novas hábitos de consumo são criados. Ou seja, é uma quantia que não necessariamente torna a família mais rica porque não se materializa em investimento. É a política do quanto mais se tem, mais se precisa”, diz.
Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o brasileiro precisaria de um salário mínimo no valor de R$ 2.349,26 para conseguir arcar com suas despesas básicas, o que representa 3,7 vezes a mais do que o anunciado para 2012. O servente João Marques, 25, funcionário de uma empresa de construção civil, recebe aproximadamente R$550 por mês e mesmo com o aumento de R$77 não acha que o valor irá melhorar suas condições de vida. “Vai dar pra comprar só mais um pacote de leite, açúcar, talvez mais fraldas, mas a diferença vai ser muito pequena”, diz. Para ele o ideal seria que o salário mínimo dobrasse, atingindo, ao menos, R$1.200. “Aí, sim, eu poderia investir, de repente guardar para comprar a casa própria. Porque com o salário atual nenhum banco dá financiamento pra gente”, conta.
NECESSIDADE
Além de não satisfazer os gastos pessoais do trabalhador, o aumento é ainda menos notável àqueles que o dividem para o sustento de uma família inteira. Assim como 60% da população brasileira, segundo o Censo de 2010 do IBGE, Valdomira Soares vive com renda familiar per capita de menos de um salário mínimo. Ela é responsável pelo sustento da neta de 12 anos e da filha caçula. “Garantido mesmo só o meu benefício todo mês. É o que salva a gente de verdade”, comenta. Por isso, ao saber do reajuste da aposentadoria ela já idealizou: “Há muito tempo estamos querendo matricular a Ana (neta) num curso de informática, mas nunca sobrava dinheiro. Agora não vai mais ter essa desculpa. Espero que até lá não apareça nenhum imprevisto”, diz.








(Diário do Pará)

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