segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Famílias marcham pelo direito à moradia

O caminho pretende ser longo: do bairro do Tapanã, ao centro comercial, onde fica localizada a Prefeitura Municipal de Belém. Mas longa também tem sido a espera de aproximadamente 200 famílias que há anos procuram um lar permanente, um espaço que efetivamente seja seu.
“Faremos essa marcha a partir de 7h com o objetivo de chamar a atenção do poder público para a nossa causa. Alguma providência tem que ser tomada. São centenas de pessoas que precisam de ajuda”, diz Francisco Trindade, mais conhecido como Careca, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que representa os ocupantes do local.
Uma semana após a primeira tentativa de desocupação do terreno, o que se vê é o vazio. Já cansadas de assistir em pé o movimento dos guardas municipais, as pessoas montaram numa vila que fica ao lado uma tenda que serve de abrigo. A lona de pouco mais de 10m² parece capaz de acomodar apenas duas famílias, mas Careca garante que todos ficam ali.
“De noite isso fica cheio de colchões, redes, cada um se arranja do jeito que pode. Mas vamos continuar aqui, com a ajuda da comunidade”, avisa. Para saciar a fome dos desalojados, um fogo improvisado, montado na própria vila, começava a esquentar o feijão que serviria como almoço do último sábado. Segundo uma das trabalhadoras sem-teto, que preferiu não se identificar, a situação fica mais desconfortável a cada dia. “Deixamos a nossa casa porque o aluguel chegou aos 300 reais e eu não tinha mais como pagar e ainda alimentar as crianças”, diz. Colocando sua esperança na conquista das ações do MTST, ela ainda conta com a ajuda dos moradores do bairro. “Eles trouxeram roupas pras meninas e também alguns biscoitos. É a solidariedade entre aqueles que sabem o que a gente está passando”, enfatiza. No espaço do terreno as máquinas pararam de trabalhar e deixaram como marca grandes buracos que, com as chuvas que já se acentuam nesta época do ano, se transformam em pequenos lagos. (Diário do Pará)
GMB: vizinhança teme favelização
A fim de aproximar o poder público da população, a Guarda Municipal realizou no domingo um evento de reinauguração de um campo de futebol, na parte final do terreno. A corporação garante que está estabelecendo uma parceria com a comunidade, limpando o campo e recolocando as traves. Segundo nota enviada à imprensa, a GMB afirma que “os moradores garantem que não querem o domínio do local pelos invasores, o que criaria uma favela, e prometem se somar à Guarda para evitar qualquer outra tentativa de ocupação”. Uma afirmação muito enfática para a complexidade de desejos que se misturam no local.
Para Paulo Pantoja, que mora há poucas quadras do terreno disputado, é preciso fazer uma distinção entre os interessados em montar o assentamento. “Algumas famílias a gente sabia que precisavam mesmo, não tinham onde morar, outros são os mesmo infratores que usavam antes o terreno para se drogar, pessoas que não eram de bem”, comentou.












(Diário do Pará)

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