sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Segup vai investigar abuso sexual

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) negou ontem, em entrevista coletiva, que o vídeo contendo cenas de sexo entre uma adolescente e um grupo de homens não identificados tenha sido gravado na Colônia Agrícola Heleno Fragoso. “Este vídeo não foi feito na Colônia (Agrícola Heleno Fragoso), sequer envolve presos. Ele foi gravado em 2009, em uma casa abandonada, no bairro do Guamá. Os homens que aparecem no vídeo eram adolescentes na época”, garantiu o secretário Luiz Fernandes Rocha.
A Segup convocou a imprensa para revelar os resultados da investigação sobre o caso. Além do secretário, participaram a coordenadora do Programa de Assistência e Proteção Social do Governo (Pró-Paz), Isabela Jatene, a delegada Nadiana Dahas, também do Pró-Paz, o delegado geral Nilton Ataíde e o tenente-coronel André Cunha, superintendente do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe).
As imagens captadas por um celular ganharam grande repercussão depois de divulgadas, na última terça-feira (3), no programa “Barra Pesada”, da RBATV. O vídeo mostra uma adolescente mantendo relações sexuais com um grupo de aproximadamente 10 homens. O material foi junto com a denúncia de que as cenas teriam sido filmadas nas dependências da Colônia Agrícola Heleno Fragoso.
“Nós localizamos a vítima e a sua família ontem. Segundo depoimento do pai da garota, o vídeo estaria circulando de celular em celular no Guamá, até a família tomar conhecimento meses depois”, conta o delegado geral do Estado, Nilton Ataíde. A pedido da mãe da menor, a Seccional Urbana do Guamá iniciou a investigação.
A partir daí, vieram à tona detalhes ainda mais graves do crime. A garota mantida deitada e despida da cintura para baixo, sobre um colchão no chão, teria apenas 12 anos quando foi submetida aos abusos. Supostamente embriagada, a vítima teria sido atraída por um dos homens, com quem se relacionou normalmente, mas acabou em seguida sendo atacada pelos outros homens. Um deles filmou tudo com a câmera de um celular, enviando as imagens em seguida para várias pessoas.
O mais grave: a apuração do caso teria sido interrompida a pedido do próprio pai da criança, que argumentou que a apuração policial estava causando constrangimentos à sua filha. “O caso ocorreu no dia 16 de novembro de 2009, mas só em 13 de dezembro foi feita a ocorrência”, explicou Nilton Ataíde. Segundo ele, já no dia 10 de fevereiro do ano passado, o pai voltou à Seccional do Guamá e pediu para que não dessem prosseguimento às investigações e, erroneamente, teve seu pedido atendido pela delegada encarregada do inquérito.
Segundo Isabela Jatene, a adolescente deu entrada no Pró-Paz Integrado apenas na quarta-feira (4) à noite, ocasião em que prestou depoimento e confirmou os termos da ocorrência de dezembro de 2009, reconhecendo o vídeo exibido na televisão.
A pessoa que filmou as cenas também prestou depoimento na Delegacia de Atendimento ao Adolescente (Data), confessando que foi convidado por telefone a ir a uma casa abandonada no bairro do Guamá, onde se encontravam alguns amigos. Em seguida filmou e manteve relações sexuais com a menor, que teria consentido. Segundo ele, um dos participantes teria morrido no ano passado.
O caso está sob custódia da unidade do Pró-Paz, na Santa Casa. O abuso será comunicado ao Ministério Público do Estado e ao Cedeca. Enquanto isso, a jovem continuará sendo acompanhada por psicólogos. “O atendimento à adolescente já está ocorrendo. Estamos também estendendo esse cuidado à família. Eles estão passando por uma fase muito difícil devido à superexposição do caso. É um momento delicado, pois estão revivendo esse trauma novamente”, disse a coordenadora do Pró-Paz.
O Pró-Paz Integrado é um serviço de proteção social a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, onde são oferecidos serviços médico, psicossocial, de defesa social e perícia. “Foi instaurado inquérito para discutir responsabilidade do caso, no que tange ao não andamento das investigações em 2009”, garante Luiz Fernandes Rocha. O nome do delegado responsável não foi divulgado para não comprometer o andamento das investigações”, argumentou o secretário.










(Diário do Pará)

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