O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) estima que mais de 30 mil pessoas serão afetadas pelo represamento do rio Xingu, com a construção da barragem da hidrelétrica de Belo Monte, cujo enchimento do lago está previsto para janeiro de 2015. No Dia Mundial do Meio Ambiente, transcorrido ontem, as ruas de Altamira ficaram repletas de panfletos distribuídos em diversos bairros que serão alagados pela obra.
As famílias estão organizadas em grupos de base do MAB e realizaram assembleias simultâneas nos bairros. A desinformação, porém, é muito grande. A maioria dos moradores sabe que terá de sair de suas casas, mas ainda, segundo representantes dos movimentos sociais, não percebeu a gravidade que isso representa. A Norte Energia, responsável pela obra, argumenta que a saída das famílias irá representar melhorias sensíveis na qualidade de vida de todos. Eles sairão de áreas sobre palafitas, que normalmente alagam durante o inverno, para locais de terra firme com toda a infraestrutura urbana.
NORTE
“A Norte Energia pretende também decidir o valor pago pela casas e o local do reassentamento, o que é uma imposição; os posseiros, a imensa maioria, terão que provar que são donos dos imóveis; inquilino será encaminhado para programa de financiamento de casa junto à Caixa Econômica Federal; e tudo o que o morador fizer após o cadastro da empresa não entra na indenização”, afirma Claret Fernandes, do MAB.
CASAS
Rosemira Anselma da Silva, 50, moradora do bairro Boa Esperança, reside na área há mais de 15 anos. “Trabalhei varrendo rua muito tempo e consegui fazer uma casinha aqui. No início, a gente foi para debaixo do jirau. Depois aumentei a casinha um pouco. Agora chega esse pessoal e impõe o que a empresa quer; a gente é que sabe quanto vale nossa casa e se a gente quer sair ou não”.
0 comentários:
Postar um comentário