terça-feira, 9 de agosto de 2011

Operação Mamuru fiscaliza terras em Juruti


A segunda etapa da operação Mamuru, que o governo do Estado intensificou a partir desta segunda-feira (8), na Gleba Curumucuri, a cerca de 50 quilômetros do município de Juruti, no oeste paraense, fiscalizou diversos pontos onde agentes ambientais identificaram atividades ilícitas de exploração de madeira e desmatamento na região. A fiscalização começou no quilômetro 43 da rodovia PA-257.

Um ramal que dá acesso à área de exploração dava um exemplo da ousadia dos madeireiros, que construíram uma porteira proibindo a entrada de estranhos no local. O acesso é difícil. Estrada de terra, com trechos de atoleiros e mata fechada, onde apenas carros traçados conseguem trafegar, e ainda assim com dificuldade.

A equipe é coordenada pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal do Pará (Ideflor), com a parceria com a Delegacia Estadual de Meio Ambiente (Dema), da Polícia Civil, Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), Instituto de Terras do Pará (Iterpa), Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) e Instituto de Perícias Científicas Renato Chaves. Os agentes estaduais percorreram pelo ramal e dentro da mata os pontos identificados pelo monitoramento via satélite feito pelo Ideflor.

Clareiras – 'Há diversos pontos identificados pelo nosso sistema de monitoramento. Verificamos essas ocorrências e estamos fiscalizando in loco essas situações, a fim de garantir a segurança no local, sem a presença de exploradores ilegais', afirma o coordenador da operação pelo Ideflor, Pedro Bernardo.

Ao longo da rota de fiscalização é possível encontrar clareiras no meio da mata, com poucas árvores grandes ainda em pé. Da maioria restou apenas parte do tronco. Tábuas de madeira já beneficiadas também foram encontradas pela fiscalização. Muitas, segundo os peritos do Renato Chaves, já estavam abandonadas há quase um ano.

Pedro Bernardo explica que os extrativistas trabalham mais na época do verão e que quando percebem fiscalizações abandonam todo o material no local e fogem. Segundo ele, essas são serrarias móveis. Os madeireiros usam uma estrutura fácil de montar e desmontar, sem prejudicá-los num momento de fuga. Por isso, não é difícil encontrar vários pontos de extração ilegal dentro da mata.

Um desses pontos fiscalizados pelos agentes parecia ser um sítio, com plantação de frutas e legumes, mas ao fundo o local apresentava diversas irregularidades, entre elas, segundo o agente de fiscalização da Sema, Victor Mendes, estão a construção de um forno de carvão, desmatamento e a captação e o represamento de água em um córrego que passa atrás da propriedade, que teria sido abandonada há poucos dias.

Em outra propriedade próxima, policiais civis e do Batalhão Ambiental encontraram pólvora, gasolina, óleo diesel e dentes de motosserra. Tudo estava escondido no mato. O material é rotineiramente usado por quem pratica a extração ilegal de madeira, segundo os policiais. O homem que estava na casa negou ser dono do material e disse que tudo, assim como o terreno, pertence a um empresário de Juruti. A Polícia está investigando o envolvimento deste empresário no caso.

Manejo – A operação Mamuru tem como objetivo desocupar a área de 33 mil hectares, que nos últimos anos tem sido alvo de madeireiras ilegais e onde o Estado vai implantar um centro de treinamento de manejo florestal. Desde o último sábado (6), homens do BPA formaram barreiras na área, a fim de evitar a fuga dos madeireiros. Já foram apreendidas seis espingardas, duas delas de calibre 12, de alto poder de destruição, três motosserras e um caminhão com duas toras de Ipê. Ao longo desta semana outros materiais devem ser apreendidos pela operação.

A partir desta semana, com a ação policial e ambiental, a gleba será ocupada pelos órgãos do Estado a fim de garantir a segurança do local. Um posto policial fixo será instalado para impedir a extração ilegal de madeira. A Gleba Curumucuri faz parte do conjunto de cinco glebas conhecido como Mamuru-Arapiuns. O nome faz referência aos dois rios que cercam a região. A área total deste complexo corresponde a 1,312 milhão de hectares, o equivalente a 1,3 milhão estádios do Mangueirão.

Diversas comunidades vivem no local, mas a ação predatória tem prejudicado a fauna e a flora da região. Segundo o coordenador do Ideflor, pelo menos dois mil hectares já foram desmatados na gleba Curumucuri. A partir de agora, com a retomada da área, no local será implantado o Centro de Treinamento de Manejo Florestal do Estado.

Redação Portal ORM com informações da Agência Pará


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