sexta-feira, 18 de maio de 2012

Índios Tembé fazem 15 trabalhadores reféns



Índios Tembé fazem 15 trabalhadores reféns (Foto: Reprodução / Diário do Pará)
(Foto: Reprodução / Diário do Pará)
Cerca de 15 trabalhadores da empresa Vera Cruz, que presta serviço para a empresa BioVale, de Tomé-Açu, foram feitos reféns pelos índios da tribo Tembé da reserva Tecnai. Eles foram detidos pelos índios às 4h da manhã, quando eles passavam pela estrada que corta a reserva. Os cerca de 130 índios da aldeia Tecnai, próximo da localidade Mariquita do Socorro, querem que a BioVale faça melhorias na estrada e que repasse os recursos prometidos para que sejam realizadas melhorias na aldeia, conforme havia sido acordado há cerca de quatro anos. Liderados pelo cacique Lucinho, os índios também protestam contra a poluição dos rios da região e contam com o apoio das comunidades próximas ao local.

O escrivão da Delegacia de Polícia de Tomé-Açu, José Carlos Sobrinho, que esteve no local acompanhando o delegado Rodrigo Venoso Zambardino, contou que, apesar de terem retido os trabalhadores na aldeia, os índios não demonstram intenções violentas. “Eles não querem causar mal a ninguém, só querem chamar a atenção para as reivindicações deles”, afirmou o escrivão. Ele disse que a Polícia Militar também esteve no local, mas os policiais não puderam entrar na aldeia porque a reserva é federal.
De acordo com informações da coordenação técnica da Fundação Nacional do Índio (Funai), os índios chegaram a bloquear a passagem sobre uma ponte do ramal que dá acesso à Vila Socorro, à empresa e à própria aldeia. Já no fim da manhã, eles teriam liberado a estrada, mas teriam levado para a aldeia os 15 trabalhadores e quatro caminhonetes, dois tratores e uma caçamba que eles usavam. Juliana Duarte, técnica da Funai, contou que os índios se queixam da poluição da água da região pelos agrotóxicos utilizados pela empresa. Outra situação denunciada é o avanço da plantação sobre os limites da reserva. Segundo ela, essa não é a primeira vez que os índios reclamam dos danos e pedem compensação pelos impactos ambientais. “Eles já haviam enviado documentos à empresa, relatando os danos e pedindo a resolução do problema, mas até agora não obtiveram resposta”. Segundo a Funai, os índios teriam liberado os reféns no fim da tarde de quinta-feira (17).
DIÁLOGO
Em nota enviada à imprensa, a empresa afirmou que repudia a ação dos indígenas e que temia pela integridade física dos reféns. A empresa alegou que mantém com as comunidades indígenas um relacionamento de “contínuo diálogo, orientado pelo compromisso de disseminar a responsabilidade social e ambiental”. Quando às denúncias feitas pelos indígenas, a empresa esclareceu que monitora a água desde dezembro de 2011 com laudos em laboratórios credenciados e que os resultados não indicam qualquer alteração na qualidade da água dos igarapés, e que teria informado aos índios e à Funai. A empresa também alegou que o plantio de palma é feito exclusivamente em áreas alteradas e possui áreas de preservação permanente e reserva legal. (Com informações do Diário Online)
Protesto contra descaso na saúde
Cerca de trinta índios da aldeia Tembé, do Alto Rio Gurupi, a cerca de 160 km de Paragominas, protestaram na sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Belém, na manhã de ontem, pelo descaso com a saúde. “A saúde é zero. Não temos apoio logístico, não há recurso, as consultas marcadas não estão sendo realizadas e não há remédios”, denunciou o cacique Sérgio Muxi Tembé. Ele disse que os problemas já ocorrem há cerca de três meses. Cerca de 1.600 indígenas vivem na aldeia.
Em nota à redação, a assessoria da Funasa em Brasília informou que a Chefe do DSEI Guamá-Tocantins, Danielle Cavalcanti, recebeu os índios e a Funasa prometeu resolver os problemas na área da saúde e de transporte o mais rápido possível. Um veículo já está à disposição da aldeia e a reforma dos polos será feita depois de avaliação.

(Diário do Pará)

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