terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Real Class: manifestação lembrará desabamento

Um ano após a queda do edifício Real Class, a movimentação de pessoas na travessa Três de Maio, entre as avenidas Governador José Malcher e Magalhães Barata, voltará a se intensificar, porém, com outros “atores”. Diferente dos bombeiros, engenheiros, policiais, socorristas, voluntários da Cruz Vermelha e funcionários da Defesa Civil Municipal que interditaram a via por cerca de seis dias em buscas de vítimas no ano passado, no próximo dia 29, quem ocupará a travessa serão os moradores e parentes das pessoas que perderam a vida em decorrência do desabamento.
O nome do movimento organizado pela comissão dos moradores da travessa Três de Maio já traz a paz no nome, em contrapartida, a motivação para a realização do ato público no dia em que a tragédia completa um ano é o desespero que ainda faz parte do cotidiano de quem vivenciou a tragédia.
Moradora de um dos edifícios vizinhos ao terreno onde ficava o Real Class, Edith Pereira faz questão de não esquecer o que aconteceu naquela tarde chuvosa de sábado. “Pretendemos, com esse ato público, chamar a atenção das autoridades porque parece que caiu no esquecimento, parece até que é normal um prédio de 34 andares cair. Nós não esquecemos”, ressalta. “Estamos unindo forças e chamamos a iniciativa de ‘amar Belém, justiça e paz’”.
Para a moradora que, apesar de não estar em casa no momento da queda, vivenciou as consequências do desabamento, não há como imaginar a construção de outro prédio no vazio que substituiu o edifício que, na época, ainda estava em construção. “A nossa primeira luta é pela desapropriação do terreno. As pessoas que moram ali têm verdadeiro pavor que outro prédio seja construído no local. Ninguém tem condições emocionais para ver outro prédio ali”.
DESAPROPRIAÇÃO
A programação de domingo inclui a realização de um culto ecumênico em homenagem às vítimas fatais, a leitura de um manifesto produzido pelos moradores, um café da manhã e intervenções musicais. “Pretendemos fechar a rua. A ideia é de que seja um dia de paz e não de festa”, afirma Edith. “Nós também fizemos um abaixo-assinado pedindo a desapropriação. Poderíamos ter um belíssimo espaço ali com um monumento em homenagens às vítimas que somos todos nós, em maior ou em menor escala”.
Além da construção de um espaço de uso comum no lugar onde deveria haver um prédio, o morador da casa que fica bem em frente ao terreno que hoje é escondido por uma espécie de tapume, Idalércio Moreira, ressalta a busca dos moradores por justiça. Após passar dezoito dias longe de casa e ter prejuízos estruturais e no sistema de segurança de sua casa, ele espera que muito ainda seja feito pela construtora responsável pela obra do prédio. “Muita gente está tendo a ideia de que está tudo resolvido e não está”.
RECLAMAÇÕES
Uma das pessoas que entraram com ações judiciais contra a construtora, Idalércio afirma que ainda não foi ressarcido de nenhum prejuízo, possivelmente causado pela queda do edifício vizinho. “Minha casa apresentou rachaduras e eu tive que contratar um engenheiro e um arquiteto que fizeram a obra e, até hoje, não me reembolsaram”, afirma.
Responsável pelo assunto desde o início do problema, o advogado da Construtora Real, Roland Massoud, garante que as pessoas que procuraram a empresa e comprovaram os prejuízos foram indenizadas. “Todos os danos materiais foram compensados. Há algumas situações de danos morais que já foram conciliadas e outras que estão em juízo”, afirma. “Quem não recebeu é porque não quis acordo ou porque não procurou a empresa”. relembre
No início da tarde do dia 29 de janeiro de 2011, o edifício Real Class desabou soterrando carros, operários e ferindo moradores de casas vizinhas. Após cerca de seis dias de buscas, homens do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil Municipal, Samu, Cruz Vermelha e da Polícia Militar encontraram os corpos de três vítimas: a moradora da casa vizinha do edifício, Raimunda Ribeiro Fonseca e os operários Monoel da Paixão e José Barros.
Durante as buscas, moradores de três edifícios e de casas vizinhas ao prédio tiveram que sair de seus imóveis.
EM NÚMEROS
29/01 É quando completa um ano do desabamento do edifício Real Class.
2 meses É por quanto tempo a empresa pagou despesas em hotéis para os moradores do Real Class e alguns vizinhos, segundo a construtora.












(Diário do Pará)  

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